segunda-feira, 13 de julho de 2015

Livre-se de comer compulsivamente



 

Almoço do self-service durante um dia de trabalho. Por que não usufruir daquele empadão de frango, da picanha e da mousse de chocolate que estão ali ao alcance das mãos? Festa de aniversário do amigo. Por que não se deliciar com mais um pedaço daquele bolo com cobertura de brigadeiro que alguém oferece? Pizza do domingo. Por que desperdiçar os dois pedaços que sobram na forma?

A resposta para todas essas questões é: prazer. Todos somos movidos a querer repetir de novo e de novo as experiências que nos trazem esta maravilhosa sensação de bem-estar e plenitude. Desde que nascemos, associamos a comida a algo que vai além da função de sobrevivência, mas também a um momento de grande prazer, com inúmeros estímulos aos nossos sentidos.

Juntando-se a isso, vivemos nos dias de hoje em uma cultura que nos estimula a buscar o prazer pela comida constantemente, com um bombardeio de mensagens publicitárias em todos os lugares que estamos, e com a disponibilidade de comida a todo momento do dia e da noite. Não é a toa que muitos de nós perdemos a guerra para o exagero na hora de se alimentar. Se pararmos para pensar que lutamos contra as poderosas forças do instinto de sobrevivência e da busca do prazer, percebemos que a força de vontade e a velha máxima de "fechar a boca" pouco podem fazer por nós para evitar que sejamos vítimas desta compulsão.

O problema em si

Não se pode dizer que beliscar é o mesmo que ter compulsão alimentar - aquela fome exagerada em que uma pessoa é capaz de consumir cerca de 2.000 calorias em meia hora. "O petisco intermitente é um vício de comportamento, quase sempre ligado a momentos específicos", analisa a endocrinologista Fernanda D'Elia, de São Paulo. Tem gente que come quando vê tevê, está sozinha ou ainda no trabalho, diante do computador.

Os horários também influenciam. É no final da tarde que os níveis de serotonina despencam, fazendo a vontade de comer uma coisinha gostosa dominar nossos instintos. Então, para não dar vazão ao desejo, uma dica é tentar visualizar cada momento de tentação e entender os motivos que os desencadearam. Para isso, anote tudo o que consome. "Escreva o horário, a quantidade de comida, com quem estava e qual era o ambiente. Assim dá para perceber muita coisa em relação aos fatores que levaram àquela atitude e tentar cortar o mal pela raiz", aponta Arthur Kaufman. "É fundamental querer mudar a rotina, caso contrário só mesmo uma psicoterapia resolve", diz o expert.

Conclusão: apesar de ser um processo difícil, é possível, sim, livrar-se da mania de petiscar a toda hora. Basta identificar o porquê de tanta comilança e traçar metas que ajudam a eliminar o problema. Para resistir, tem que ter muita disciplina e vontade de mudar.

 

Causas

As causas desse transtorno são desconhecidas. Em torno de 50% das pessoas têm uma história de depressão. Se a depressão é causa ou efeito do transtorno, ainda não está bem claro. Muitas pessoas relatam que a raiva, a tristeza, o tédio, a ansiedade e outros sentimentos negativos podem desencadear os episódios de comilança. Embora não esteja claro o papel das dietas nesses quadros, sabe-se que, em muitos casos, os regimes excessivamente restritivos podem piorar o transtorno.

Tratamento

O transtorno do comer compulsivo desenvolve-se a partir da interação de diversos fatores predisponentes biológicos, familiares, socioculturais e individuais. O seu tratamento exige uma abordagem multidisciplinar que inclui um psiquiatra, um endocrinologista, uma nutricionista e um psicólogo. O objetivo do tratamento é o controle dos episódios de comer compulsivo através de técnicas cognitivo-comportamentais e de um acompanhamento nutricional para restabelecer um hábito alimentar mais saudável. A psicoterapia dinâmica ou a interpessoal podem ajudar o paciente a lidar com questões emocionais subjacentes. O acompanhamento clínico faz-se necessário pelos riscos clínicos da obesidade. As medicações antidepressivas têm se mostrado eficazes para diminuir os episódios de compulsão alimentar e os sintomas depressivos.


 

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